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Assembleia Legislativa discute formas de combate ao suicídio

20/06/2017

A valorização da vida e os desafios no enfrentamento do suicídio foram debatidos nesta terça-feira (20), no Legislativo Potiguar. A audiência pública, proposta pelo deputado Vivaldo Costa (PROS), revelou as dificuldades encontradas por pacientes psiquiátricos e discutiu formas de auxílio, tanto por parte dos profissionais da saúde quanto dos gestores públicos, no combate à depressão e ao suicídio, no Rio Grande do Norte.

“Esse é um problema sério no nosso estado, porque não há apoio à população. Foram fechados hospitais psiquiátricos e não foram colocadas em prática as soluções alternativas. Devemos debater amplamente o tema da depressão e do suicídio, principalmente nas escolas, porque estão atingindo cada vez mais nossos jovens. Aqui no RN, além de aumentar o número de médicos psiquiatras e de criar políticas públicas de combate ao suicídio, é preciso, primordialmente, disponibilizar o serviço já existente. As pessoas vão num pronto socorro, com queixa psiquiátrica, e o médico generalista diz que não pode fazer nada, pois não é especialista”, destacou o parlamentar.

O médico psiquiatra Salomão Gurgel explicou que a dor psíquica é muito maior que a física. “Quantos doentes mentais, na tentativa de fugir da dor psíquica, cortam membros, orelha etc? E, segundo relatos de pessoas que já tentaram suicídio, no momento de um tiro ou de um enforcamento, elas nem sentem a dor física”. Ainda de acordo com o doutor Salomão, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que a taxa global de suicídio é de 16 casos a cada 100.000 habitantes. Além disso, segundo a OMS, até o ano de 2020, o número estimado de mortos por suicídio no planeta será de mais de 1,5 milhão de pessoas.

O estudante Emanuel de Santana, 21 anos, relatou que só descobriu sua depressão após acordar no hospital, depois de dois dias em coma, por ter ingerido os remédios tarja preta do seu avô. “Foi quando eu resolvi pedir ajuda, mas não encontrei apoio. Há um déficit de profissionais e de políticas de auxílio aos doentes psíquicos no nosso estado. E, este ano, seis pessoas com menos de 30 anos já cometeram suicídio no RN. Por isso, pedimos socorro aos parlamentares e gestores públicos potiguares”, suplicou.

O doutor Leonardo Barbosa, especialista em psiquiatria, esclareceu que, em Natal, a fila para consulta com um psiquiatra, pelo SUS, é de mais de quatro meses de espera. “Quando a pessoa consegue ser atendida, tem que comprar os medicamentos com o próprio dinheiro e os retornos são muito longos, impossibilitando o profissional de acompanhar adequadamente sua evolução".

Lorraine Vieira, representante do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP), destacou o serviço de preenchimento da ficha relacionada à autoviolência, nas unidades de saúde do estado, através do qual “se notifica o caso para que os órgãos públicos tomem conhecimento e desenvolvam ações e políticas relacionadas a esse agravo e, também, para que haja encaminhamentos para a rede psicossocial”, informou.

A discussão contou com a participação de profissionais da área da saúde psíquica do estado, de representantes de órgãos públicos e de membros da sociedade civil envolvidos. Ao final, o deputado Vivaldo Costa ressaltou que, em setembro, o tema voltará a ser debatido nesta Casa Legislativa Potiguar.

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